Olá meninas. Olá meninos.
Ela se chama Arthemis, e não tem a menor noção de pertencer à
raça dos felinos, bem como não tem a menor ideia de ser branca, branquinha,
como a neve nas sebes, ou como o leite. Este é o motivo do porque a mantenho
presa na área de serviço. Não fiquem com pena. O espaço é bastante amplo e costumo
soltá-la para uma “voltinha” enquanto cuido do quintal.
Arthemis está comigo já vai para dezoito anos. Se calcularmos
cinco anos humanos para cada ano gatesco ela já é uma velha senhora de noventa
anos e tralalá... Arthemis é a matriarca, queira os gatos ou não! Ponto final.
Dias após eu ter me mudado novamente, de novo e outra vez
para Assis, fui cuidar do quintal e a Arthemis foi dar a “voltinha” dela. De repente
ouvi sons de gatos brigando vindos do fundo do quintal. Como era de se esperar
fui ver a ocorrência. Arthemis estava atracada com um gato negro, uma mistura
que não dava para saber onde começava um e onde terminava o outro. Obviamente Arthemis
estava defendendo o Seu território. A casa é dela, o quintal a ela pertence e a
dona da casa também é sua propriedade.
Interferi na luta e o gato preto chispou feito corisco
escalando a mangueira e vazando para a casa do vizinho. E a Arthemis? Com a
perna direita quebrada...
Recolhi a danada e tentei imobilizar a perna. Mais tarde ela
arrancou a tala e prosseguiu pululando em três pernas. Fazer o quê? O Senhor Tempo
a todos os males há de curar. Assim os dias foram passando e a Arthemis
melhorando.
Quinta feira, dia 05 os entregadores da loja vieram trazer a
nova maquina de lavar. - É! Eu comprei uma nova maquina de lavar, não tenho
mais idade para as roupas esfregar. – Aproveitando a porta aberta, e gente
estranha no quintal a Arthemis escapou. Escalou o muro e pousou feito pássaro
sobre o telhado de casa. Até aí tudo bem, o que não foi nada bom foi o fato de
ela se enfiar – não me pergunte como – no forro da casa.
Resumindo; de quinta até hoje, domingo, passei dias e noites
com os miados da Arthemis a me pedir que a tirasse de lá, já que não sabia como
sair...
Tirar como santo Deus? Pedi ajuda. Aos Deuses.
Primeiro para a Deusa Diana: - Ó Diana, minha doce Deusa,
protetora das matas e dos animais, fazei com que esta gata encontre o caminho
de volta para o telhado. – Diana estava caçando em sua floresta e não ouviu meu
apelo. De jeito nenhum.
Apelei pra Oxossi. – Ó bravo caçador, que matou o pássaro das nossas irmãs feiticeiras Iyá Mi Oxorongá com uma só flecha, ajudai - me. Faça com esta gata desça do telhado, quer dizer, saia do forro e desça. – Oxossi nem se importou. Deu de ombros como quem diz “se vira”.
Enviei as preces a São Francisco. – Ó Santo Santíssimo São Francisco que estais nos céus, ouve-me. Necessito da vossa ajuda. Minha gata está presa no forro, há dias sem comer e sem beber; Miando feito uma desesperada. Fazei com que ela encontre o caminho da saída e venha até o telhado da área de serviço. Aqui eu posso pega-la. – Nada! São Francisco estava no Alto do Alto do Altíssimo céu e se fez de surdo. E a chuva caia e caia e caia...
Hoje, domingo, já que não tem tu, vai tu mesma!
Subi na escada, munida de martelo e formão. Tirei um pedaço do forro e puxei a gata pra baixo. Simples assim. Ela veio. Suja de dar pena e esfomeada de matar. Agora que já está limpa, e alimentada, dorme serena em seu ninho alheia a trabalheira que me deu.
Bem, depois desta, Arthemis que não se atreva a escapar...
Tenho mais o que fazer. Tildas e nécessaires, bolsas e porta trekos, aventais e
colchas, panos e cachecóis e toalhas para bordar.
Por hoje é só.
Bom domingo e boa semana a todos, e como caipira que sou; inte
mais ver.
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